O professor abre a porta da sala de aula e se depara com o mesmo número de pessoas; dessa vez, no entanto, são 22 alunos inquietos e pulando antes da aula começar. Ele tenta colocar ordem e pede para que todos se sentem.
O juiz, então, ordena que todos os jogadores se posicionem e dá início a partida. O professor começa a aula. Conseguem, enfim, um breve momento de sossego.
Aparece a primeira falta duvidosa. Na escola, um aluno se dispersa. Ambos chamam a atenção, porém, dessa vez, ainda sem punições.
Segunda falta. Advertência dos dois, juiz e professor, porém só oral. Tentam ganhá-los no papo. O aluno, no caso, voltou a se comportar mal.
Terceira falta e a gota d' água. Uma pequena briga, tanto no campo quanto na escola, dão margem a discussão. Companheiros de time e amigos da escola tentam defender seus colegas do gramado e das carteiras. Em vão. O juiz e o professor estão decididos do que irão fazer: expulsá-los.
A confusão se instala. Conseguem, de certo modo, apaziguar o ambiente.
O jogo e a aula enfim acabam. Na partida de futebol, a expulsão interferiu totalmente no placar final. Na escola, os alunos clamam por perdão e alegam injustiça com o amigo posto para fora.
Alguns dias depois, lá estão eles, aluno e jogador, sendo julgados. O primeiro se encontra na sala da direção. O outro aguarda a definição do juiz - esse não o de futebol, mas o de Direito.
A punição é quase a mesma: ambos estarão 2 dias - ou jogos - impossibilitados de passar pela vida cotidiana de sempre. A pena dá margem a discussão. Afinal, argumentam seus colegas, "não foram eles que começaram." Mas agora já foi.
Vida que segue. A equipe perde as duas partidas sem o seu principal craque e o restante dos alunos têm que conviver com a ausência do punido. Tudo isso em decorrência da decisão do juiz e do professor, muito semelhantes.
Os dois "rebeldes" (se não estão cumprindo as leis - no caso de não cometer faltas e não discutir dentro de uma sala de aula, por que não os chamar assim? ) voltam, enfim, para seus deveres. Na próxima partida, o jogador marca dois gols, provoca, mas não discute. O aluno, da mesma maneira, se comporta melhor. A intenção da punição, aquela imposta pelo juiz e pelo professor, é essa.
A comparação entre um jogador e um aluno é real. Ambos ainda estão em um processo de amadurecimento. Sabem que a briga, mesmo que pequena, levará a consequências. Mas mesmo assim agem dessa maneira. Por serem estrelinhas ou populares da sala, acreditam que a eles nada acontecerá.
Enganam-se profundamente. O juiz e o professor nada tem que ver com quem eles são. Estão ali para cumprir ordens e fazer seu trabalho. Podem, sim, errar - e acontece.
Se os dois imaturos também erraram, ao entrarem em uma discussão ou por cometerem uma falta, por que o juiz também não pode?