Eu sei que esse é um blog de futebol, mas com tudo que está acontecendo no Brasil, fica difícil focar no esporte. Talvez, mais pra frente, eu possa transformar o Redonda em uma página que abranja esportes e também política... veremos.
O texto abaixo é fruto de uma compilação de ideias e resultado de várias
leituras e conversas:
“Nenhum passo para trás!”
Tenho 14 anos e estou criando, aos poucos, a minha formação ideológica. Sei que ainda tenho muita, mas muita coisa para aprender.
Se o seu argumento, no entanto, começar com a tese de que você viveu mais do que eu e, portanto, sabe mais dos problemas da vida, já paro por aqui. A discussão com certeza não será válida.
A maneira que eu penso se deve muito a posição política de minha família. Ouço com muita atenção tudo o que me dizem e procuro sempre refletir a respeito. "Concordo ou não concordo?" Se não concordasse, com certeza absoluta contestaria o meu pai (como faço em casos mais cotidianos).
Acontece, porém, que a grande maioria do que me dizem é o que de fato penso. Basicamente, os ideais dos meus parentes são de parar de olhar só para o umbigo e pensar nos outros que não estão ao nosso redor. É no que eu acredito, e no que todos deveriam acreditar.
Mas, infelizmente, não são todos que pensam dessa maneira. E talvez por isso, encontrem nos atuais protestos formas de criticar, direta ou indiretamente, o Governo Federal.
Tem que ser cego para não perceber que o Brasil está em uma crescente e que milhões de pessoas estão progredindo na vida. Pra quem discorda desses "argumentos superficiais", vamos aos fatos: a Dilma vem, desde 2010, tentando colocar em prática o uso de 100% do petróleo adquirido do pré-sal para a educação, tentando implantar o PAC da mobilidade (que melhora os serviços públicos), tirando os impostos da cesta básica, diminuindo a conta de energia, implantando os UPAs, construindo milhares de residências, fornecendo pleno emprego à população e, por fim, retirando MILHÕES de pessoas da miséria.
Simultaneamente, concordo e apoio 100% os protestos. Vivemos em uma democracia, então QUALQUER tipo de manifestação é válida, seja ela contra partido A ou contra partido B. Porém, em meio a essas manifestações, muitos erros estão sendo cometidos.
O primeiro deles é o vandalismo. Por mais que venha de uma minoria - e de fato vem -, ele não pode ocorrer. O que vimos no Palácio do Itamaraty, por exemplo, foi um absurdo.
O outro é proibir e agredir os manifestantes que portam bandeiras de seus partidos políticos. Se estão lá brigando e usufruindo da democracia que lhes é concebida, qual o sentido de agir dessa maneira com as pessoas?
Acho legítimo não se identificar com partidos, mas querer expulsá-los de manifestações populares sem líderes é fascismo! Acho legítimo gritar que não se identifica com nenhum dos partidos disponíveis, mas querer o monopólio do grito é totalitarismo! E há que existir coerência: se você se chama de "apartidário", mas ataca apenas um dos grandes partidos ou políticos que se opõem, desculpe-me, você tem partido sim!
É preciso, sobretudo, entender que o melhor jeito de resolver as coisas ainda é o voto. Se querem protestar, que saibamos escolher antes os políticos corretos nas urnas - e saibamos também respeitar a escolha da maioria. Entendo que não queiram representar nenhum partido, mas ano que vem faremos o quê? Escolheremos presidente por enquete via Facebook?
O movimento começou justíssimo e com causas muito nobres. O que se viu, de início, foi um protesto contra o aumento das tarifas e, logo em seguida, contra a repressão policial - motivo pelo qual estive presente na última segunda-feira numa das manifestações.
No entanto, os protestos estão se tornando em algo muito duvidoso e sendo usados por reacionários para promover ações contra o governo petista - justamente o que propiciou as mudanças listadas alguns parágrafos acima. Essa modificação fica evidente no comportamento da TV Globo. No começo, quando o motivo era somente a tarifa do ônibus, os manifestantes eram taxados como vândalos. Quando foram levantadas as bandeiras de "Fora Dilma", "Abaixo a PEC 37", "Bolsa Miséria” e "Morte aos Mensaleiros" – sim, vi cartazes com esses dizeres na rua - porém, o discurso mudou.
E essas pessoas, olha só que coincidência, que defendem o apartidarismo - e que se escondem atrás de máscaras conservadoras -, são os primeiros a criticar, diretamente, o Lula, a pedir pena de morte aos "mensaleiros" e, consequentemente, prejudicar um governo que tem um saldo muito positivo.
Esses mesmos ainda pensam que são apartidários, quando de fato não são. Ao colocar as máscaras do grupo Anonymous, conjunto que pouco defende o direito dos pobres e das minorias, estão, novamente, se encobrindo atrás de ideias mentirosas e genéricas.
Agora, para os que pensam que estão lá a favor das minorias, que tirem seus pés da avenida Paulista imediatamente. Tudo isso vai acabar em profundas consequências contra o governo de Dilma, justamente o que privilegia essas minorias. Prova é que muitos acreditaram, em um certo momento, na queda da presidenta e que fez com que ela reforçasse, em rede nacional, o que já havia dito anteriormente - mas que, na época, ninguém deu bola.
Dentro dos protestos, ainda clamavam por uma imediata reforma política e diziam que a nossa presidenta não abria diálogos. O que se viu na última semana foi rigorosamente o contrário: a Dilma falou em público, deu explicações e ofereceu projetos e, por fim, estabeleceu uma proposta de plebiscito para que seja votada a possibilidade da Assembleia Constituinte com o foco em uma reforma política. A oposição, claro, não gostou. Apoia o povo na rua pra "mudar tudo", desde que nada mude. Coerente, né?!
Não vou me omitir e dizer que o PT não precisa de uma reforma. Precisa, sim, já que anos de poder criam obstáculos e dificuldades. E você pode ter certeza que o Governo vai estar aberto para diálogos - afinal, vivemos em uma democracia. O povo tem voz e isso foi mais do que confirmado nas últimas semanas.
Sugiro um novo movimento imediato, em contrapartida ao que esse está se tornando: que tal parar para pensar e reverenciar e reconhecer o que está sendo feito, há anos, pelo Governo? O Brasil está longe de ser perfeito, mas caminhamos para isso. Como bem apresentou meu tio Breno Altman, "Nenhum passo para trás" é a bandeira que devemos defender.